Vai ler a Bíblia, ao invés disso. |
Um dia,
estando em minha labuta diária, deparo-me com a seguinte situação: uma senhora
veio em meu estabelecimento de trabalho bater umas cópias de documentos,
acompanhada de duas crianças (provavelmente seus filhos).
Uma das crianças, um menino,
daqueles que adora ficar vagando em loja mexendo em tudo que pode, se divertia
olhando algumas revistas em quadrinhos da Turma da Mônica, enquanto a outra,
uma menina, ficava do lado da mãe, fazendo cara de paisagem, como se fosse
muito interessante olhar aquela papelada de documentos que a mãe estava tirando
cópias.
Quando as cópias da senhora
estavam para acabar, o menino veio perto da mãe, com aquela cara de criança
pidona, e pergunta se a mãe poderia comprar uma revistinha para ela.
Oras, estamos em uma sociedade em
que uma criança pedir algo para ler (mesmo que no final ela só olhe as figuras,
mas É uma leitura), é raro e deve ser incentivado ao máximo, justamente pela raridade e os benefícios da leitura. Claro
que não é nenhuma Marília de Dirceu, de Tomás Antônio Gonzaga, ou Dom Casmurro,
do Machado de Assis, mas é uma leitura construtiva, além de inocente (ou vocês
vão me dizer que a Turminha do Maurício de Souza já foi corrompida?).
Bom, é claro que se essa história
terminasse com um final óbvio demais não estaria aqui no meu Blog puro fogo.
A senhora, em toda sua ignorância
elegância, simplesmente falou pro filho:
- O que é isso? Gibi? Vai ler a Bíblia,
isso sim. Não essas coisas.
Passados em Cristo? Pois é, eu
também fiquei.
Não quero julgar o modo como alguém
cuida de seus filhos, mas se você realmente quer que ele tenha o hábito de ler
o livro mais vendido do mundo (que é a Bíblia, não Crepúsculo), isso deve ser
feito de uma forma natural, não como se ele fosse obrigado a isso.
A criança deve ser instigada à
leitura, primeiro, com outras leituras de sua faixa etária, que esteja mais próxima
delas, da sua linguagem e da sua sociedade, qualquer coisa fora disso se torna desestimulante,
desinteressante e eu digo isso porque já fui criança um dia (Verdade! Eu já fui
sim!).
A Bíblia não é fácil de entender,
ainda mais para uma criança de sete anos, mais ou menos. Ser obrigado a essa
leitura em nada contribuirá com o seu desenvolvimento, pelo contrário, só vai
mostrar que a leitura da Bíblia é mais uma punição de uma religião que a
criança não optou em participar do que algo que a religião (seja qual ela for)
incentiva (não manda!).
Não estou dizendo aqui que a leitura da Bíblia não é importante, é chata e tudo mais, justamente para não esbarrar em fundamentalistas religiosos e para não entrar em contradição comigo mesmo, que já li. Reconheço a importância do Livro e que abençoado seja quem, além de ler, segue os seus ensinamentos de forma correta e de acordo com a época atual, não literalmente e como se vivesse em 2012 a.C..
Não estou dizendo aqui que a leitura da Bíblia não é importante, é chata e tudo mais, justamente para não esbarrar em fundamentalistas religiosos e para não entrar em contradição comigo mesmo, que já li. Reconheço a importância do Livro e que abençoado seja quem, além de ler, segue os seus ensinamentos de forma correta e de acordo com a época atual, não literalmente e como se vivesse em 2012 a.C..
No final, só pude perceber um
rosto triste, uma mãe que pouco se importa com isso e uma venda de quadrinhos que
não foi realizada. Pena para os três. Sim, para o três: o menino que não ganhou
a revista, eu que não fiz a venda e para a mãe. Ou vocês acham que aquele
menino vai chegar em casa, pegar a Bíblia de pura e boa vontade, e começar a ler até o outro dia?
HÁ!
Faz-me rir.
Rodrigo Ferreira.