quinta-feira, 16 de agosto de 2012

Mito Poema - Fortuna

E mais um mito poema está para começar (#TodasGrita). Dessa vez apresentarei o mito de Íxion, o mortal que recebeu um castigo cruel por espalhar uma fofoquinha pela Terra, que zangou o Crônida (leia-se Zeus). Descobri tal mito não tem muito tempo e adorei, espero que gostem também.

O mito de Íxion

Junto de Tântalo (cujo mito poema já foi apresentado) e Sísifo, Íxion figura como um dos maiores vilões da mitologia grega aos olhos dos deuses, porém, os dois primeiros ainda têm argumentos prós e contras, já os advogados de Íxion dificilmente conseguem provar sua inocência.
Apaixonado por Dia, filha de Eioneu, Íxion disse que daria seus cavalos se a mão de Dia lhe fosse dado em casamento. Amando cavalos (oi?) Eioneu cedeu ao pedido de Íxion, mas o esperto não cumpriu com o acordo. Revoltado, Eioneu tomou a força o que era seu (promessa é dívida), fazendo com que Íxion jurasse vingança.
Não sabendo escolher entre a morte e o sofrimento para o sogro (que dúvida cruel, não?), Íxion resolveu fazer os dois: construiu uma câmara incendiária e convidou o seu sogro para um chá das cinco, fingindo que era uma reconciliação.
Doido para tomar chá, Eioneu chegou à casa de Íxion, entrou na câmara camuflada de um dos cômodos da casa e caiu na armadilha do anfitrião.
Gritando e esperneando, seus lamentos fazem a consciência de Íxion pesar, mas já é tarde demais quando ele o tentar salvar, Eioneu já tinha virado carvão.
Enlouquecido pelo ocorrido, Íxion vagou pelas ruas como um mendigo, percebendo que somente recuperaria sua sanidade se fosse purificado, mas ninguém sabia como purificá-lo, já que matar um parente não era um dos crimes mais comuns daquele tempo (hoje já é tendência).
Zeus, compadecido, curou Íxion e ainda o convidou para brocar no Olimpo, o que logo foi aceito pelo mortal. Cheio da bebida divina, Íxion, abusado que só ele, começou a dar em cima de Hera, a esposa de Zeus, que logo deu o bocão ao marido.
Ao invés de lançar um raio na testa de Íxion, Zeus resolveu brincar com a cara dele, forjando uma nuvem parecida com Hera e deixando que Íxion fizesse “saliência” com a nuvem. Dessa relação nada convencional nasceram os Centauros (que também não são nada convencionais), criaturas metade homens, metade cavalos (se bem que eu não entendo como os cavalos entraram na história, já que ele copulou com uma nuvem, mas enfim).
Voltando para a Terra, o mortal começou a espalhar que tinha dado uns pegas na Hera, na frente do próprio Crônida e ter voltado com vida para contar a fofoca. Irritado, Zeus jamais se permitira ficar com fama de corno na Terra inteira e fulminou Íxion com um raio, mandando-o para o Tártaro.
Chegando lá, Íxion foi amarrado a uma roda em chamas e condenado a nela girar por toda a eternidade (MWAHAHAHAHAHA). Vai mexer com a esposa de gente mais poderosa do que tu, vai.

Rodrigo Ferreira.
Ixion in Tartarus on the Wheel (1731) - Bernard Picart

Fortuna

A roda da fortuna gira
Estou preso nela
Não há riquezas no final
Minhas costas estão queimando.

Grito de dor! Quem se comove?
Riem de mim, me querem mal.
Não entendo esse meu castigo
Cruel ao homem animal.

Tão desprezível sou no mundo
Não caem lágrimas por mim
Todos assistem meu suplício
Desejo logo pelo fim.

Mas a tortura continua
Pois todos querem muito mais.
Serei de Íxion descendente?
Já nem sequer ouço meus “ais”.


Odisseu Castro.

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