domingo, 22 de julho de 2012

Coisas que não mudam: Homens héteros


Passando um pouco mais de duas semanas seguidas, de segunda a sábado, ao lado de homens heterossexuais, consigo entender o motivo deles não fazerem parte do meu círculo de amizades com tanta intensidade.
Passaram-se vinte e três anos desde o meu nascimento e ainda consigo vê-los da mesma forma: machista, preconceituosos e com ideias limitadas sobre os outros que não seguem uma "ordem social" estigmatizada e intolerante.
Ver os homossexuais como criaturas de outros mundos que precisam ser combatidas com unhas e dentes é o que há na roda deles. Xingar um de gay é a pior ofensa que se pode dar, pior do que ladrão, pedófilo ou estuprador. A intolerância e os preconceitos beiram ao ridículo. A imagem que se passa ainda é aquela do "menino que quer ser menina", usar roupas de mulher e mudar de sexo. Se surgir um com essas características na frente deles aí sim que a bagunça toma maior forma. Já as lésbicas são vistas como um "desperdício". Mulheres que ainda não foram "pegas de jeito" por um deles.
Falando em mulheres, o conceito machista de vê-las como objetos (principalmente sexuais) ainda está em voga e com toda força: na frente delas, uns santos, as mulheres devem ser amadas e blá, blá, blá; por trás, são ofensas e mais ofensas, mulheres que devem servir e nada mais. E que não apareça nenhuma com ideais de "liberação feminina".
O que se faz com elas entre quatro paredes é escancarado aos quatro ventos, acompanhados de risinhos e palavras de "parabéns, é assim que se faz mesmo". O respeito manda abraços e a discrição é o que menos importa, contar vantagem é o que dá status.
Não serei hipócrita ao ponto de dizer que isso é somente  ligado à heterossexualidade masculina (gays ainda conseguem ser piores quando querem) e muito menos dizer que todos os homens são assim, mas convenhamos, mulheres e LGBTTs já deram um passo muito maior em anos do que muitos homens que ainda andam com um tacape em mãos.
Falo somente o que ainda vejo em meus vinte e três anos de vida. Já me surpreendi muito com o que vi de novidade (onde permaneci calado e aplaudi de pé o feito) e já lamentei também (muito mais). E sei que ainda lamentarei muito, infelizmente.
De quem é a culpa? Talvez essa seja a menor das preocupações. Quem vai permanecer no erro é que é a melhor das indagações.
Falta muito para que todos percebam que o mundo, independente de quem quer que seja, é habitado por seres humanos e não por heterossexuais, homossexuais, bissexuais, pansexuais e assexuados?

Rodrigo Ferreira.

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