segunda-feira, 16 de janeiro de 2012

Filme "Imortais"

"Imortais"? Só no nome mesmo.
Com cenas de lutas de tirar o fôlego (ok, nem tanto!) e muito sangue jorrando no cenário (isso sim!), Imortais tinha tudo para atender as expectativas das pessoas fissuradas por mitologia no cinema, mas como eu disse TINHA.
Do mesmo criador de 300, podemos observar que esse cara realmente gosta da cultura grega, mas ainda não aprendeu a valorizar a real história desses mitos e sua grande importância.
Se eu não conhecesse o mito de Teseu (que é o protagonista do filme Imortais), sua luta contra o Minotauro, a astúcia para sair do Labirinto de Creta, a relação de amor e abandono com Ariadne e sua morte trágica, eu poderia muito bem aplaudir esse filme, que nenhum link criou com a história original, mas como conhecedor do mito e comprador do ingresso, tenho de criticar.
Deuses morrendo (oi?), Zeus matando seus próprios filhos (como se desse para matar os deuses), um governante louco com nome de um Titã que quer dominar o mundo (e quase consegue), um "Minotauro" sem sua metade touro, uma sacerdotisa que prefere perder os poderes a manter sua castidade (danadinha), umas criaturas bizarras que tentaram me enganar dizendo que eram os deuses Titãs e um Tesão Teseu que jogou na lama os feitos do mitológico, formou uma gangue, roubou um arco sabe-se lá de quem e morreu durante um combate. Esse filme acabou sendo uma destruição da milenar história conhecida e propagada.
O deus (FATO) Poseidon. Ponto pro filme.
Eu fico perplexo com isso, pois o mito de Teseu é maravilhoso, cheio de drama e luta, mistério e amor, o que realmente daria um bom filme. Se os produtores têm dinheiro e tempo para fazer uma produção com tantos efeitos (em 3D até), poderiam muito bem utilizar a história original e não inventar uma, pois Teseu nunca foi tão flor que se cheirasse como foi retratado no filme, ele não se guiou por rastros de sangue que estavam no chão para sair do "Labirinto" (aspas, até a minha casa é mais complexa do que aquela coisa que tentaram me fazer acreditar que era um labirinto), nunca desvirginou uma sacerdotisa e teve um filho profeta com ela (não que eu saiba), nunca formou uma gangue com escravos e, principalmente, OS DEUSES NÃO MORREM (se nem o Titãs foram mortos na Titanomaquia quando lutaram contra os Olimpianos, como eles retratam a morte de vários deles em um único momento?).
Repito, se eu não conhecesse o mito de Teseu, curtiria muito mais o filme, mas já ir para o cinema com uma expectativa em mente e chegar lá para se deparar com uma que em nada corresponde com o original é frustrante. Adoro mitologia (principalmente a grega, meu pseudo não mente), então por isso reclamo bastante dessas "adaptações" que fazem dos mitos para o cinema. 300, Tróia, Fúria de Titãs, tudo farinha do mesmo saco, uma desconstrução de mitos e quebra de nexo.
Imagine esse filme com a tecnologia de hoje.
Os pontos fortes do filme, sem dúvida, foram as cenas de ação, de sangue jorrando, principalmente com a participação dos deuses olímpicos, o cenário e a utilização do 3D que deu um up no filme.
Mas algo que não posso deixar de falar, e que ficou claro pela segunda vez, é o gosto do diretor em mostrar corpos de homens sarados, suados e sujos no filme (assim como aparece - e muito- no filme 300), isso deve ser respeitado. Não é em todo filme que podemos ver o futuro Superman, Henry Cavill, sem camisa, do lado de um monte de deuses (literalmente falando) descamisados. As mulheres não são lá essas Coca-Cola, aparecendo com mais roupas do que uma árabe tradicionalista, mas pelo menos são bonitas também, com destaque para a Atena, que quase é "bulinada" por Zeus (ou só a minha mente impura viu a preocupação que ele tinha com a deusa casta em depreciação com os outros?).
Conselho para os autores: Quando forem criar outra "adaptação" de mitos gregos, tentem fazer com a máximo semelhança possível, não tentem "fazer" uma história já feita. O mito já está criado, tentem adaptar somente. Claro que seguir a risca talvez seja difícil para a mente criacionista de vocês, mas tentem maneirar para não sair uma coisa nada haver, quem conhece os mitos saem tristes da sala do cinema.
Sigam o exemplo dos produtores de A Odisséia (de 1997), do diretor Andrei Konchalovsky, pois esse filme retrata o mito de Odisseu (eu?) em seu retorno para casa com brilhantismo e louvor que nenhuma adaptação para o cinema da mitologia grega conseguiu até hoje (puxei muito o saco? mas é a verdade, oras, o filme é muito bom para a tecnologia da época).
No final, Imortais está somente no nome do filme, pois além dos deuses (que deveriam ser imortais) morrerem, até o protagonista, Teseu, morre.

2 comentários:

  1. "A Odisseia" (sem acento) sim é filme de gente grande, que marcou a minha infância por sinal... Diferente dessa pseudomitologia que provou ser "Os imortais". Essa resenha está muito boa!

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  2. Palmas! Ainda não vi o filme, todavia, depois de saber que é tão sem nexo, fico até receosa de gastar dinheiro com ele.


    ;*

    P.S.: Adorei o blog, amigs! ;)

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