Moro em Macapá desde o três anos de idade, mas nunca senti tanta
vergonha de fazer parte daqui quanto senti hoje, ao me deparar como algumas
pessoas estão tentando ganhar votos eleitorais para os seus candidatos,
partidos políticos ou mesmo para impedir que tal vaga seja conquistada por
alguém que o desagrade.
Estando na minha labuta diária, recebo a missão de xerocar uma folha de
papel (um “panfleto”) que denegria a imagem de um concorrente à vaga de
prefeito de Macapá, pedindo para que “as famílias CRISTÃS e de bem” não
votassem em tal candidato.
De cunho totalmente “religioso”, preconceituoso e vergonhoso, estão
distribuindo isso por nossa cidade. Se tudo é obra de algum partido político
querendo ganhar votos desonestamente ou de algum fanático religioso que
desconhece a história isso eu não sei, mas que essas palavras me geraram
repúdio, isso geraram.
Vejam a imagem seguinte e tirem suas conclusões.
O que podemos inferir da imagem, além de que a pessoa que a escreveu é
doente? Vamos pensar criticamente e esclarecer para os menos esclarecidos
alguns pontos?
Primeiro, independente da religião do candidato, ninguém pode ser
julgado por causa dela. O Cristianismo, o Protestantismo, o Espiritismo, as
Religiões Africanas, ou seja que religião for não é melhor do que nenhuma outra
e não julga a capacidade de ninguém de gestar um município. O Cristianismo é
santo desde quando? Conheço muitos religiosos justos tanto quanto conheço os que
se aproveitam de seus fiéis e enriquecem com isso. Somos um país laico, onde
pertencer a uma religião (ou a nenhuma delas) é escolha individual e protegida
por lei, basta ler a nossa Constituição.
Segundo, a sexualidade de outrem não interessa a ninguém que não seja a
própria pessoa. Não é uma escolha e muito menos um fator que julgue caráter.
Conheço muito mais homossexuais que respeitam as individualidades de outros seres
humanos do que muitos religiosos que respeitem outras pessoas de fora da sua
própria religião.
Terceiro, o que a vida íntima de uma pessoa (ou de um casal) interessa a
outra? Olhem primeiro para si e vejam se são perfeitos ou se estão em condição
de dizer que são melhores que alguém. Cuidem de suas vidas, antes que eu me
esqueça!
Quarto, “as famílias CRISTÃS e de bem”. Como se TODA família cristã é de
bem. Conheço muitas que valem menos do que o chão que pisa e a que redigiu esse
panfleto é uma delas.
Quinto, Satanás deve estar é morrendo de vergonha de ficar nessa cidade
se tiver que comandar pessoas com essa mentalidade. Se eu fosse ele nem perdia
o meu tempo tentando conquistar essas almas.
Não estou defendendo candidato X ou Y, nem estou fazendo esse post para
defender quem foi ofendido no panfleto, pois quem vai decidir o melhor é o povo
no final, mas, convenhamos, QUE GOLPE BAIXO ESSE QUE ESTÃO TENTANDO COLOCAR EM
PRÁTICA!
Eu escreveria por qualquer candidato que fosse caluniado dessa forma
baixa e vergonhosa, como se religião e suas relações conjugais fossem fatores
decisivos para ganhar votos. Temos coisas mais importantes à analisar sobre um candidato antes de elegê-lo e nenhuma dessas que foram elencadas no panfleto são válidas.
É um golpe baixo tentar arrebatar seguidores
denegrindo a imagem dos outros dessa forma e ainda mais com fatos tão superficiais, mas
que, infelizmente, ainda faz a cabeça de pessoas menos esclarecidas.
Povo de Macapá, que eu ainda tanto amo, vamos pensar com cuidado em quem
votamos e não nos deixemos influenciar por panfletagem vinda de pessoas
doentes. Vamos votar pelas ações da pessoa em nossa sociedade, não pela sua intimidade, sexualidade ou religião. Sejamos sábios.
Não sei se foi um partido político ou somente uma pessoa que começou
isso, mas sei que tentar descobrir não irá levar à nada, pois ninguém vai ser
doido o bastante para dizer que foi ideia sua.
Votem naquele candidato que o convencer de ser a melhor pessoa para
ocupar um cargo desse porte de prefeito.
Para quem redigiu essa nota vergonhosa eu só tenho uma coisa a dizer:
PENA DE VOCÊ!
São pessoas como essas que me envergonham de morar por aqui: fanáticas,
limitadas, ignorantes. Burras, ao final!
Boas eleições e que vença o melhor (ou menos pior).
Rodrigo Ferreira.
Isso é coisa do 12 .
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